sexta-feira, 27 de setembro de 2013




Visitando a feirinha de antiguidades em San Telmo semana passada, parei em uma barraquinha e ao ser abordado por uma senhora respondi apenas um

"- Estoy mirando, garcias". 

Já em resposta a senhora falou em tom sério pra mim: 

"- ¡Quien mira sufre!" 

Me deixando até um pouco constrangido. Confesso que fiquei meio atordoado com a resposta, tanto que demorei um pouco pra entender o que estava acontecendo. Depois respondi: 

"- Porsupuesto que sí!" e sorri. 

Com isso a senhora foi bem enfática novamente, ressaltando a mensagem: 

"- ¡Quiem mira SUFRE y quien lo hace es feliz!" 

Depois desse tapão no meio da fuça agradeci e fui embora refletindo acerca do que a senhora quis dizer com aquela frase e tudo que representava na minha vida...









Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?

Caio Fernando Abreu