quinta-feira, 25 de julho de 2013

Não deu errado








Não deu errado. Nós tivemos a nossa chance e aproveitamos cada segundo. Mas as pessoas são diferentes. Têm gostos diferentes, pontos de vistas diferentes. Diga-me qual é o casal perfeito? Diga-me quem é que nunca briga? Nunca discorda sobre algo? Eu mesmo teria náuseas se sempre desse tudo certo entre a gente. É a vida. Viver a dois tem o seu preço. E às vezes, tem o seu fim. É claro que não seríamos como nossos avós. O mundo hoje é moderno. Os casamentos não são mais arranjados. Não se casa aos 15 anos, ainda por cima virgem, e se vive com o mesmo cara pelo resto da vida até completar bodas de papel, prata, ouro ou sei lá mais o que. Mas de certa forma, nós também completamos nossas bodas. Bodas de dinamite e acabamos explodindo pelo ar. Mas não estou aqui pra falar do lado ruim da coisa. Tivemos nossas histórias. Mas como toda boa história o fim tem que ser trágico ou pelo menos, dramático. Tudo aquilo que é previsível, é chato. O leitor fica frustrado quando as coisas acabam do jeito que ele previu. Mas nós, não. Com a gente foi diferente. Ter um fim nunca esteve no roteiro, mas aconteceu. Nós também acontecemos. Existimos. E tudo bem se cada um seguiu com a sua vida. Normal se cada um foi pro seu lado.

[in Querido John]


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Eu vou te contar...






Eu vou te contar que você não me conhece,
E eu tenho que gritar isso porque você está surdo 
e não
Me ouve.
A sedução me escraviza a você
Ao fim de tudo você permanece comigo 
mas preso ao que
Eu criei
E não a mim.

E quanto mais falo sobre a verdade inteira um abismo
Maior nos separa.
Você não tem um nome, eu tenho.
Você é um rosto na multidão 
e eu sou o centro das atenções.

Mas a mentira da aparência do que eu sou,
E a mentira da aparencia do que você é.
Porque eu,
Eu não sou o meu nome,
E você não é ninguém.

O jogo perigoso que eu pratico aqui,
Ele busca chegar ao limite possível de aproximação,
Através da aceitação da distância 
e do reconhecimento dela.

Entre eu e você existe
A noticia que nos separa
Eu quero que você me veja nu
Eu me dispo da noticia
E a minha nudez parada
Te denuncia e te espelha
Eu me delato
Tu me relatas
Eu nos acuso e confesso por nós
Assim me livro das palavras
Com as quais
Você me veste!

Texto e musica do cd Pássaro da Manhã de 1977
Poema de Fauzi Arap Com Fundo Musical Jogo de Damas 
recitado por Maria Bethânia