domingo, 31 de outubro de 2010

há de ser...



‎"Apesar de você;
Amanhã há de ser outro dia..."

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Como tirar um cavalo da chuva



Ingredientes: um cavalo; uma chuva.


Modo de preparar: pega-se um cavalo que esteja na chuva e, usando de persuasão ou de força, obriga-se o animal a se dirigir a um lugar seco, onde deverá ficar até que a chuva passe.

Modo de usar: são inúmeras as vantagens de tirar um cavalo da chuva, qualquer cavalo, da chuva, de qualquer chuva. Chuva e cavalo podem se misturar, mas há que tomar cuidado para não prejudicar a natureza dos ingredientes, ficando o cavalo molhado demais e a chuva, que deveria fecundar o solo fazendo nascer o trigo e as flores do campo, ficar molhando inutilmente o cavalo, que não produz flores nem trigo.

Outro mérito de tirar o cavalo da chuva, sobretudo para quem não dispõe de um cavalo, mas está sujeito a chuvas e trovoadas, é fazer o que deve ser feito, ou seja, tirar o cavalo da chuva e, se possível, tirar-se a si mesmo da chuva.

Sabe-se que quem está na chuva é para ser molhado. Recomenda-se tirar o cavalo da chuva em ocasiões especiais, como votações no Congresso, prorrogações de medidas provisórias, reescalonamento de dívidas públicas, cargos e funções.

É preferível tirar o cavalo da chuva, mantendo-o enxuto, do que enxugá-lo depois de molhado. Em caso de dúvida, para saber se o cavalo está molhado ou não, aconselha-se um relatório do senador Epitácio Cafeteira.

Mas convém não exagerar e, a pretexto de enxugar o cavalo molhado pela chuva, enxugar os orçamentos da saúde, da educação, dos transportes, da segurança.

Como servir: com o cavalo tirado da chuva, pode-se fazer muita coisa ou nada fazer. Em ocasiões mais críticas, o melhor é montá-lo e partir indignado em todas as direções. (Esta crônica é dedicada a todos os cavalos que estão na chuva).


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

nops



Nem sim,
nem não,

nem muito pelo contrário,

porque afinal das contas,

em matéria de certas coisas

o mais importantes 
é o principalmente.



quinta-feira, 21 de outubro de 2010

anseios




Eu só quero saber se alguém pensa em mim antes de dormir. Se alguém abre minha janela do messenger õu do celular e não sabe o que dizer, mas que queira muito dizer algo.
Eu não quero que você ame as bandas que eu gosto, só quero que você me ligue pra dizer que ouviu uma música, e lembrou de mim. Talvez, que em silêncio você me deixe escutar pelo telefone a música só pra depois poder pergutar: Gostou?
Eu quero alguém que tenha prazer em me olhar pelo simples fato de estar ao meu lado. Afinal há momentos que o silêncio de um olhar é melhor do que uma avalanche de palavras que podem se tornar insignificantes. Mas também quero que você fale muito em certas ocasiões, só para que eu não possa assimilar qualquer outra situação além daquele pequeno instante de olhar e se perder. Sentir… para além de um sorriso. Deixar. Sem lamentos nem soluções. Sem ressentimentos. Sem ilusões. Deixar fluir. Sentir tudo o que nos faz saber. Sentir que o que há, que o que se é... Apenas ser tudo aquilo que se quer, ter tudo aquilo que mereço ser/ter.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

eu quero ir pra casa




Estou cansado de ser durão,
eu quero ir para casa.
Eu não quero mais brincar...


A brincadeira cansou,
O fôlego acabou e os olhos se fecham o tempo inteiro.


Por favor,
       só me deixem ir pra casa.


Eu quero minha casa,
eu quero minha cama,
meus travesseiros,
meus lenços de papel,
minha cota de absurdo que guardo
dentro da segunda gaveta do criado mudo.



Algumas coisas me fazem mal o tempo todo
e alguns me machucam com seus olhares.


Sim. As vezes eu ligo sim!!!


Essas pessoas não vêem o quanto eu choro
mesmo quando eu choro na frente delas.


Eu quero ir para casa
porque eu não quero mais chorar o tempo todo
como eu faço nesse lugar que não é meu.


Esse lugar é tão grande que as paredes me esmagam
e meu coração fica pequeno como o coração de um passarinho.


O mundo é tão pequeno que eu não me acho...
Eu só não quero ter que dar exlicações!

Tudo é muito nítido e se você não pode ver,

que fique subentendido então...


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Posso entrar?



Eu posso entrar?
 
Só depois que você parar de dizer “eu”?

Posso entrar?

Você continua sendo primeira pessoa.

O que eu tenho que fazer, afinal?

Parar de falar “eu”?

E como eu faço isso?

Tá fazendo de novo.

Ai, ai, ai.

Você está muito focada na sua dor.

Quem, eu?

Lá vem você com “eu” de novo.

Como eu faço pra não falar “eu”.

Sem comentários.

Melhor eu voltar outro dia?

Sem comentários.

Olha, eu to me esforçando, senhor monge.

Sem comentários.

Eu volto outro dia.

Sem comentários.

O seu problema é comigo?

“Comigo” é o mesmo que falar “eu”.

É ou não é comigo?

Melhor mesmo você voltar outro dia.

Mas eu não quero.

Sem comentários.

Eu não posso, tenho várias coisas pra fazer e arrumei esse tempinho para meditar hoje, quebra meu galho?

“Meu” também não pode, é pior do que “eu” e “comigo”.

Meu Deus!

Sem comentários em dobro.

Enfim, to indo.

Tudo bem.

Mas eu realmente quero entrar em contato comigo e descobrir o meu verdadeiro eu.

“Eu”. “quero”, “comigo”, “meu”. Volte outro dia.

Enfim, o melhor que eu faço então…

É defintitivamente voltar outro dia.

Mas eu quero ficar!!!! Eu quero ficar!!!

Sem comentários!!! Sem comentários!!!

Olha, caro monge, porque você não vai se fu…

Pode entrar.



[Tati Bernardi] 

domingo, 17 de outubro de 2010

desapego


- Garçon, uma dose de amnésia e duas de desapego por favor..

- Vai uma de amor também?!

- Não, não. Deixa pra outro dia!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

inconstância;



Acho que todos nós, seja em um momento ou outro da vida, passamos por uma (ou mais de umasimultâneas ou não!) fase em que todo e qualquer desejo passa a ter prazo de validade. Essa fase pode durar muito ou não, mas nem é essa a questão, é o fato de que ela incomoda. Ao menos está me incomodando agora.

Confesso que eu queria que as coisas fossem diferentes; talvez eu tenha desaprendido a ver a beleza de certas coisas - não, acho que não. Talvez eu tenha optado por uma cegueira momentânea, sem perceber (com o passar do tempo) a gente acaba vendo as coisas sob a nossa ótica, e por mais que às vezes a gente insista em fazer diferente pra tentar dar um novo rumo pra vida, sempre vem uma onde de realidade pra nos mostrar que as coisas não dependem da nossa vontade, e que, definitivamente, é complicado! Mas tudo isso, já faz parte daquele amontoado de idéias que desisti de colocar em prática por achar que são devaneios; A pergunta é: será que eu sou mesmo esse ser inconstante ou apenas estou?
Enfim... acho que já sei a resposta, porque daqui a dois minutos ela não terá mais a menor importância mesmo... Mas preste atenção...  (!!!) Há tanto o que dizer, mas nesta minha ânsia de tudo falar, eu me perco. Perco-me em mim mesmo. Digo o que sinto da forma que aprendi comigo mesmo, mas escondo algumas coisas com todas as minhas forças. Entendam-se ou não... O que posso fazer?
Quero muito que entendam e que assim possam me ajudar a entender também! Parece mentira, eu sei, mas daqui da janela, eu vejo um mundo diferente... Mas por mais que eu demonstre tudo o que sinto, passa despercebido tudo aquilo que eu finjo sentir... Há sempre algo que deve ficar em silêncio, e fica...
 Será que eu consigo me calar o suficiente? Eu sei que falo demais e que até me esqueço, em meio a conversa, do que quero dizer e fica tão fácil desvendar as coisas; Eu realmente me perco na minha embriaguez de sentidos.
Assim, há dias em que as palavras caem; e cada palavra, dou forma em letras, outras no pensamento se entortam, e assim vivo nesse ato constante de esvaziar-me e encher-me a cada instante... Canalizando os sentimentos. Assim está sendo esse texto... Cheio de palavras que saltam da minha mente e do meu peito para a tela em branco: e vamos caminhando... Alias, eu ainda me pergunto o por quê de determinadas coisas, mas é tudo em vão...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

(com)FUSÃO



Difícil simetria;


Perder, por não querer perder algo que te pertence não te pertencendo. Talvez esse seja o maior medo no momento.

Confuso? Acho que eu já me posicionei sobre isso, não?


É uma redundância absurda que, sendo assim, causa um rodeio interminável e inevitável. Mas justamente por isso vem à tona essa falta de ar e ânsia de existir, que me aperta o peito...

E por falar em sensação, outro dia li uma coisa cabe no que eu to querendo descrever, era sobre o que um leão sente ao ver um bando de zebras correm para todos os lados, e ele ali parado, tendo que decidir o que fazer em milésimos de segundos.

Alias, atualmente, tenho me questionado muito sobre o comportamento “animal” em relação ao “humano”, mas acho que isso será tema de uma outra história.

Enfim, você se pergunta se é isso. Se é realmente isso e ainda assim, independente de qualquer que seja a tua resposta, lhe vem um mais perguntas à cabeça para toda e qualquer questão - antes mesmo de saber o que ela significa exatamente.

É um inebriado, divertido e pavoroso, mas por vezes inócuo sentir.

É uma turbulência de palavras vão e que não tem pausa, nem pra puxar o ar que não infla os pulmões, nem pra criarem pra si algum sentido. Palavras que só preenchem linhas e pensamentos tortos, e que por vezes preenchem apenas o vasto imaginário do meu ser, num enlouquecido emaranhado de pensamento que desnorteiam os demais sentidos pela velocidade;

A verdade é que não sabe se está jogando o jogo, ou se é o jogo que está jogando com a gente... 

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Demônio Colorido



Seus olhos ao invés de verdes
Deveriam ser vermelhos incandescentes
Na mão ao invés de uma rosa
Você deveria ter um tridente
Sua voz é tão suave
Quando deveria ser mais arrogante

Vadiando na minha cabeça
Não me deixa um só instante

Mas eu vou lhe guardar
Com a força de uma camisa
Me despir do pavor
Lhe chamar de amiga

24 horas por dia
Tentando o meu juizo
Foi unanimamente eleita
Meu Demônio Colorido




Sandra de Sá

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Dom Quixote


Muito prazer, meu nome é otário
Vindo de outros tempos mas sempre no horário
Peixe fora d'água, borboletas no aquário
Muito prazer, meu nome é otário
Na ponta dos cascos e fora do páreo
Puro sangue, puxando carroça
Um prazer cada vez mais raro
Aerodinâmica num tanque de guerra,
Vaidades que a terra um dia há de comer.
"Ás" de Espadas fora do baralho
Grandes negócios, pequeno empresário.
Muito prazer me chamam de otário
Por amor às causas perdidas.
Tudo bem, até pode ser
Que os dragões sejam moinhos de vento
Tudo bem, seja o que for
Seja por amor às causas perdidas
 
Por amor às causas perdidas.
Tudo bem, até pode ser

Que os dragões sejam moinhos de vento
Muito prazer... Ao seu dispor
Se for por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas

Engenheiros do Hawaii


Post inteiramente dedicado ao querido @pedromathias

PASSAdo




Essa noite eu acordei assustado. Saltei do sono como quem acorda para algo dolorido. E de fato era. O coração estava descompassado e era evidente pela arritmia que algo não estava bem. Em segundos minha memória trouxe a tona os sentimentos que desencadearam esta sensação. Aquele medo era real, próximo, latente. Respirei mais fundo pra tentar diminuir a sensação de falta de ar. Em vão, fato.
Aquele sentimento hipotético se tornara real diante do sonho. E tão somente a possibilidade disso acontecer foi suficiente pra modificar a realidade. Difícil situação esta de ter que enfrentar seus medos.
Triste fragilidade humana que nos confronta com os nossos medos mais escondidos. Surge e simplesmente espera que você resolva. E não adianta tentar alocá-la pra outro canto, pois se mera possibilidade já causa tamanho desconforto imagine se deparar concretamente com a situação? Talvez fosse mais fácil, talvez não. Talvez...
O que eu pergunto é o que tudo isto significou? O que representou esse sonho na realidade atual, ou o que eu devo fazer pra mudar... porque fingir que não esta acontecendo nada não é a resposta pro problema, certo?
Só pra finalizar, talvez o conselho de romper definitivamente com todos os vínculos do passado seja a única forma de enterrá-lo! Será?

terça-feira, 5 de outubro de 2010

MORAL da historia:



Sempre leia nas entrelinhas,
mesmo que nada esteja lá.


Afinal
(e supostamente)
as entrelinhas nunca estão de fato lá, 
visiveis!

ah, 
o pior
é que cada um

enxerga uma entrelinha diferente...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A espera...




Atrás da pista tem um bar e atrás do bar tem um sofá. Estou sentada nesse sofá. Aguardo ansiosa por algo, olho as horas no celular, checo o e-mail pelo Iphone, reclamo com minha amiga “tá demorando”. Ela me pergunta se é o show, se é a menina passar com a comida. O que é? Não sei. Mas tá demorando. Em cima do bar, no teto, tem um daqueles globos que sempre tem. Olho pro globo e penso que estou uma eternidade sentada naquele sofá. Mais de trinta anos? Descanso os cotovelos nos joelhos e me arrependo, enquanto todos querem ver e ser vistos, eu fico nessa posição feia de vaso sanitário. Minha amiga vai fumar. Eu me animo “já tenho pra onde ir”. Eu não fumo, eu odeio cigarro, eu odeio atravessar a festa inteira pra chegar até lá fora, eu odeio a amizade instantânea das rodinhas de fumantes que não se conhecem, eu odeio festas em geral, eu odeio papos de festa, eu odeio conhecer gente que não tem nada a ver comigo, e sorrir para os papos mais furados do mundo. Mas eu já tenho pra onde ir. E vou. E ao chegar lá fora, continuo achando que está demorando. Sinto falta do sofá agora. Mas quando minha amiga acabar o cigarro, eu já terei novamente pra onde ir. E assim uma festa chata me lembra muito a vida. A eterna oscilação entre ir lá fora ver e voltar pro sofá, sempre só pra ter pra onde ir. Chegou agora um ex amor. Ele entra com sua esposa. Ele me abraça enquanto ela segue em frente sem olhar pra trás. Faz aí uns 3 ou 4 anos que não damos um abraço. A gente sempre fugia das festas pra fazer sacanagem no carro dele. Não sinto saudade. Passou, faz tempo, não sinto nada. Nada. Talvez só sinta mais claro o que eu já sentia antes. Antes de sair de casa. Antes de ficar indo do fumódromo pro sofá e vice-versa. Eu só sinto agora, com esse abraço que não me fez sentir nada, com mais clareza, o que eu já sentia antes e muito antes de antes. Eu sinto que está demorando. Eu olho de novo no celular. Eu posso ir ao banheiro e isso já é um lugar para ir. Me animo. Não, não me animo. Tudo me deprime. Eu ficar chupando a barriga pra dentro pra esconder que tenho um pouquinho de pança, eu ficar me equilibrando no salto, eu ficar fazendo minha cara de “não encosta em mim”. Tudo me deprime. [...] Tudo é tão chato mas eu fiz cabelo e maquiagem. Antes da meia noite não dá pra ir embora. Preciso me gastar um pouco pra não dormir tão antes de tudo dar errado. Eu sei, eu deveria beber. Mas pra quê? Pra achar essas pessoas legais? Pra suportar o insuportável? Sou cínica demais pra dar esse gostinho ao mundo. E eis que adentra à festa o rapaz que, não faz nem uma semana, me pedia que eu não fosse ainda, só mais um pouquinho, espera amanhecer, porque, depois, você sabe, dá tanto sono. De mãos dadas com a moça que vive dando entrevista dizendo que eles se comem mesmo, o tempo todo. E isso não me dói em nada. Foi só um moço muito bonito que durou uma semana. Mas ele também reforça meu pé inquieto batendo ritmadamente: será que demora? Não sei. Não, não demora mais. Olho pra porta e ele acabou de chegar. Eu fui na festa por causa dele. Então era isso, eu tava esperando o tal do moço que me convidou pra festa. E então ele fala comigo e encosta um pouco em mim e eu penso em ser muito honesta. Olha, fulano, eu acho tudo isso um saco, sabe? Eu odeio a cordialidade dos bichos. Todo mundo se elogia, fala de trabalho, conhece gente, faz piadinha ruim. Mas tá todo mundo pensando o que vai ter pra comer e também pra comer. Eu vim aqui porque, sei lá, desde que te vi na reunião e eram oito da noite e você estava muito cansado mas, mesmo assim, você estava muito cheiroso e falou coisas muito inteligentes, eu fiquei a fim de te beijar na boca. Então, dá pra pedir pra esse bando de amigo chato, que fica puxando seu saco, desaparecer do mapa? A menina com a perna gorda pode, por favor, nos deixar em paz? Você pode, por favor, parar de mexer no cabelo da minha amiga e parar de dar risadinha no ouvido dela e sumir daqui comigo? Não, ele não pode. Ele não é a resposta. Ah, Tati. Você deveria saber. Eles nunca são a resposta. Nunca foram. Que é que você quer? Porque você olha tanto pro celular? Existe alguém no mundo, nesse momento, que poderia te ligar agora e te deixar feliz? Não. Ninguém é a resposta. Nem o sofá, nem a festa, nem ficar em casa, nem a água com gás, nem olhar com nojo para o grupo de piriguetes vips que não prestam pra nada a não ser frequentar festas para sair em revistas e angariar empresários. Finalmente já tenho o que esperar: o carro. Finalmente já tenho o que fazer: ir embora. Na verdade a única coisa que estou sempre esperando e querendo é ir embora. De todos os lugares, de todas as pessoas. Eu não estou esperando nada a não ser o tempo todo sair de onde eu estou

Texto original no site da Tati Bernardi

domingo, 3 de outubro de 2010

A explicação




Tentar denominar o que eu sinto gasta um tempo danado, e eu tenho que estudar pra minha prova de Marketing, perdão. Mas denominação, pra que? Dar um nome, um título, é algo tão desnecessário, a meu ver. O que importa, é o que sinto, e é mais ou menos assim: eu queria colocar uma cerca elétrica em você, ou até mesmo colocar você dentro de uma caixa de sapatos, de forma que ninguém pudesse te magoar, te arranhar, te agredir. Queria tapar seus ouvidos, assim, você não escutaria palavras que te ferissem. Queria pintar seu mundo de cor-de-rosa, queria colocar nele um cenário de cores leves, claras e limpas, pra que tudo fosse lindo, e eu só visse seu sorriso. Essa dor que você está sentindo na alma, caramba! Eu daria tudo pra transferí-la pra mim e te livrar disso, mas não tem jeito. Aquela prova que você fez ontem, e não obteve boa pontuação, meu Deus! Eu vou ligar pro seu professor agora, vou dizer que você não estava preparado, e precisa repetí-la. Mas isso tudo não é possível, porque você não é meu. Você não é meu barbeador elétrico selado, que eu posso jogar debaixo da corrente de água e deixa-lo novo em folha, você não é meu carro, que eu posso colocar todas as noites debaixo de uma garagem coberta por um pequeno telhado de amianto, de forma que chuvas torrenciais não amassem a lataria. Mas eu me pergunto se isso não é injusto. Tenho tanto cuidado e carinho pra te oferecer, mas não posso, simplesmente porque o que existe entre nós não passa de um carinho. Sabe, eu prefiro acreditar que eu fui a pessoa certa na hora errada na sua vida, eu ficaria contente com isso, eu juro. Prefiro, claro, porque depois de tudo o que te ofereci, todo o cuidado, todo o carinho, pensar na hipótese de não ser a pessoa certa, seria destruidor demais.
Se me derem licença da minha sala nesse momento, de forma que eu não escute nenhuma voz, se me deixarem sozinho, eu conseguirei sentir, novamente, a felicidade que me invadia ao trocar algumas horas de sono no fim do dia pra ouvir sua voz no telefone, mesmo dormindo pouco, e acordar no outro dia com sono, obviamente, mas com uma alegria que não cabia dentro de mim.
Hoje eu trabalho e estudo, porque meu mundo não pode parar, infelizmente eu vivo nessa selva, onde eu não posso apertar o botão de pause e dizer: “Ei, peraí! Eu não posso fazer esse exercício avaliativo hoje. EU NÃO ESTOU BEM”. Em contrapartida, é somente isso! Depois de cumprir minhas obrigações diárias, meu dia termina na minha cama, com um copo de água e alguns soníferos naturais, porque minha psicanalista brigou e disse que dramin faz mal. E eu já estou suficientemente mal. Nesse fim de semana, eu só queria ver seu sorriso na frente dos meus olhos e te dar um abraço bem apertado, isso me bastaria. Minto! Não abriria mão de olhar bem fundo nos seus olhos, porque a serenidade deles me dá uma sensação de paz indescritível. Mas hoje é quarta-feira, e já me desiludi: não vou te ver nesse próximo fim de semana, nem nos outros que virão. Meus companheiros serão o copo de água e os dois comprimidos de sonífero. Então, eu sigo assim. Mesmo que meu riso seja de desespero, e por trás dele haja um coração tão inconformado, que se questiona o dia inteiro alguns porquês, está tudo bem: eu me contento.


Os grifos são meus, mas o texto é do amigo  @MELOph__

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

encontre-se!


Seu querer,
seu desejo,
sua realização,
sua paz e plenitude:
cadê?
Em alguém, algum lugar?
Olhe para si,
encontre-se e ausculte-se,
consulte a sabedoria do coração.
Trate-se com carinho,
sem projetar expectativas no que está por aí.
Não há o que buscar quando não se sabe o quê é...