quarta-feira, 29 de setembro de 2010

mais uma vez!



As vezes acordo, no meio da noite.

Assutado com mundo,
me pego com a respiraçao alterada,
com os olhos perdidos na escuridao
sem saber o que aconteceu,
sem saber de nada pra ser sincero!

Tenho tido o sono, a cada dia mais leve,
tenho sonhado muito,
e no outro dia,
lembro-me de alguns detalhes,
ou melhor de pessoas que estiveram presente neles.

Mutias vezes nao me lembro o que aconteceu,
só me lembro das pessoas.


Sonhos confusos,
falas distorcidas,
vultos e figuras aleatorias
um casulo imaginario
que mantem seu dominio silencioso;
nao deixando um vestigio pra tras,
apenas a insegurança disfarçada
no acuado olhar da distancia.



E, uma vez me disseram uma frase:

 
"Entao, se há cabimento,
me mostre como colocar,
tudo isso ali dentro!"


Adpatando a frase,
cabe certinha no contexto,
e o pior da historia,
é que na história original era eu
quem demonstrava o cabimento...

hoje,
sou eu quem anseia por tal demonstraçao;
que sinceramente,
nao enxerga, aquilo que tentou demonstrar antes;


Então eu corro,
e mais uma vez, a respiraçao se altera;

Entao eu paro,
e tudo volta ao normal,

aos poucos!

Fragil
e mais uma vez intocado!


[...] e fica subentendido.

Mais uma vez!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Tudo o que eu mais queria...





"Eu estou tão cansado de assustar as pessoas. E DE SER O MÁXIMO POR TÃO POUCO TEMPO. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não sabe querer. Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu não me odeio. Hoje eu só fecho os olhos e lembro de você me pedindo sem graça para eu não deixar ninguém ocupar o lugar da minha canga. Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e malandros, era de alguém que me pedisse para guardar o lugar."

[Tati Bernardi]



















 

domingo, 26 de setembro de 2010

Será inteligente apostar tanto de novo?


Não gosto de perder as minhas coisas, você sabe. E hoje, cercada pela sua ausência, procuro o que procurar. Experimentando o desânimo da busca desiludida. Pois, se um amor como aquele acaba dessa maneira, vale a pena encontrar um outro? Será inteligente apostar tanto de novo?

Fernanda Young

Não queria cobrar absolutamente nada


E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar.

Caio Fernando Abreu

 

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

lixei.RA



Não se incomode por tão pouco.


Não é pouco?
 
No calor da hora,
as dimensões das coisas se distorcem,
se dilatam...

Há mensagens que não valem a pena abrir,
que têm vírus letais que só fazem bagunçar sua vida.

Melhor deletar.

Aproveite
e elimine arquivos antigos que estão lá na lixeira.

Sabe como é,
pra não haver riscos de se restaurarem...



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

decepção


Decepção; Palavra tão forte e sentimento mais ainda. Conhecemos aquilo que alguém nos mostra com todas as edições possíveis. Apara-se brechas. Enfeita-se comentários. Mesmo o mais impulsivo dos homens não é ele em sua plenitude ao se mostrar. Muitas vezes, o desejo em ser aceito é tão grande, que até a raiva é disfarçada. Ou o desprezo. Ou a admiração. Ou o amor. Então o tal temido sentimento chega, de maneira rápida ou demorada, quebrando qualquer tentativa de maiores expectativas. Culpa de quem esperou demais por algo que não veio? É bem comum que aquele que decepciona continue o mesmo. Se mostra demais com palavras e alguns gestos discretos mas, a ação não chega, a mudança não chega, e vemos uma outra pessoa mais pra frente. Alguém bem diferente. Apesar de acontecer de a pessoa ser mesmo quem ela é e o outro fantasiar uma possível mudança. Esse caso é o pior de todos. Alguém nu e cru, com sinais indicativos de que é aquilo mesmo, e o outro ainda tem a esperança de transformar. A decepção, nesse caso, é mais certeira. A fantasia é bem perigosa. Pior ainda quando outras pessoas que convivem com o autor da decepção indicam àquele, cheio de ilusões, que o que está sendo mostrado é aquilo mesmo. A ilusão de algo disfarçado decepciona menos e não é culpa de quem observa e acredita. Se o ser humano passar a não acreditar mais no outro, os relacionamentos não evoluem. É preciso ter um mínimo de crença na mudança, mas sempre com a leveza de que as ideias mudam com muita velocidade. O difícil é se apegar em algo diante dos fatos contrários ao que se tinha em estima elevada. Um pensamento que tenha importância para alguém hoje, pode não ser mais tão importante alguns anos depois. A maldade da invenção é que é danosa. O problema não está nos acontecimentos, mas sim nas pessoas. É o chamado "puxada de tapete" ou "apunhalada pelas costas". Bem dolorido e difícil de curar...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ninguém sabia, ninguém viu...



Eu vejo que aprendi
O quanto te ensinei
E é nos teus braços que ele vai saber
Não há por que voltar
Não penso em te seguir
Não quero mais a tua insensatez


O que fazes sem pensar aprendeste do olhar
E das palavras que guardei pra ti
Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim


Não basta o compromisso
Vale mais o coração
Já que não me entendes,
não me julgues
Não me tentes
O que sabes fazer agora
Veio tudo de nossas horas
Eu não minto, eu não sou assim
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava a teu lado então
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa,meu amor
Alguma coisa aconteceu
Do ventre nasce um novo coração


Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso


Vale mais o coração
Ninguém sabia, ninguém viu
Que eu estava ao teu lado então [...]


não consigo achar um motivo
pra acreditar
que não foi tempo perdido...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

tentativas


Saudades de um tempo que não volta. De uma pessoa que não existe... afinal me iludo fácil, me empolgo fácil, crio falsas esperanças fácil e talvez eu tenha imaginado demais...
Talvez seja só saudade; Talvez.
Mas como me expressar? Se ao menos você me ouvisse... mas eu já gritei, ninguém ouve mesmo! E eu continuo gritando, numa vã tentativa de conseguir me fazer entender. O sorriso continua sendo um subterfúgio pra disfarçar a solidão corroborando pra idéia fixa da armadura forte que 'aparentemente' impede que qualquer coisa a ultrapasse e atinja a fragilidade que o caos esconde e se propaga progressivamente, ecoando diante do vazio. Acredito que hoje eu voltei a ter as rédeas na minha mão. É bem provável que exista alguns percalços durante a trajetória. Mas estou conseguindo dar uma ordem às questões que são caras e importantes. Não que tudo não fosse antes, muito longe disso. Mas agora eu (acho) que consegui lidar com todo aquele sentimento, com toda aquela dor. Falo aquela como se não existisse mais nenhum vestígio dela aqui dentro, numa tentativa de seguir em frente.

des.apontado


"Daqui a vinte anos você estará mais desapontado pelas coisas que você não fez do que pelas que você fez errado. Então jogue as cartas. Navegue para longe do porto seguro. Pegue os ventos do destino. Explore. Sonhe. Descubra."



(Mark Twain)




domingo, 19 de setembro de 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

tal.vez



É!


Talvez eu precise me acalmar;
talvez eu precise sumir;
talvez eu precise sonhar;
talvez eu precise acordar;
talvez eu precise zerar tudo e recomeçar;
talvez eu precise ter uma meta;

ou talvez eu precise rasgar as regras;

talvez esse seja o "X" da questão!


talvez o erro seja as perguntas;
talvez eu seja o erro;

talvez o erro não exista;

talvez nada exista;

como talvez possa ser pior;

ou melhor...

É, talvez!

(...)

Sumir resolve?

Gritar resolve?

Correr resolve?

O que resolve?

O que?

Resolve?

Pois é...

[x + (Incógnita)² = y ]³
 
talvez hão haja respostas;

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

eu sei que vou te amar...


"Eu sei que minha presença te fará nervosa, tuas mãos ficam úmidas, sei que você se arrumou melhor para me ver, sabe dos vestidos que eu gosto, botou uma calcinha sexy por via das dúvidas, eu sei que você sabe que eu sei de tudo que você era e que teu único tesouro é o que eu não sei mais... mulher... por isso, teu peito dispara e você vem vindo pela rua sem ar, e você vem e você chega e entra quebrando o realismo da sala, quando você entra muda tudo, a casa fica diferente, as cadeiras se movem, os vasos de rosa voam no ar, as mesas rodam, rodam e eu começo a perder o controle da minha solidão;"

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Exausto pra ser mais exato...











"[...] é permitido a todo indivíduo que tenha consciência da verdade regularizar sua vida como bem entender, de acordo com os novos princípios. Neste sentido, tudo é permitido [...] Como Deus e a imortalidade não existem, é permitido ao homem novo tornar-se um homem-deus, seja ele o único no mundo a viver assim."


F. Dostoiévski - O diálogo com o demônio
(in Irmãos Karamazov, 1879)

eu sei que passa...



Tudo isso dói. Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois. Para me dar força, escrevi no espelho do meu quarto: ‘tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é?’ É o que estou tentando vivenciar. Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis, becos-sem-saída. Nada é muito terrível. Só viver, não é? A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir.”



Caio Fernando Abreu.
 
.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Dilma 1,99 Rousseff

Sempre manifestei minha contrariedade em falar sobre política, porém, o caso merece um parentêses:



“Depois de falir como comerciante, Dilma Rousseff voltou correndo para o aparelho estatal. A loja de produtos panamenhos e chineses foi expurgada de sua biografia oficial. O fracasso revela a verdadeira natureza de Dilma Rousseff: ela só existe como acessório do PT”
 
Dilma Rousseff teve uma loja de produtos importados. O empreendimento durou menos de um ano e meio. Se Dilma Rousseff mostrar como presidente da República o mesmo talento que mostrou como empresária, o Brasil já pode ir fechando as portas.
 
Dilma Rousseff era uma apaniguada do PDT. Quando saiu do PDT, ela virou uma apaniguada do PT. Desde seu primeiro trabalho, trinta anos atrás, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Dilma Rousseff sempre foi assalariada do setor estatal. E no setor estatal ela sempre foi apadrinhada por alguém. O PT loteou o estado. Nesse ponto, Dilma Rousseff é a mais petista dos petistas. Porque durante sua carreira todos os cargos que ela ocupou foram indicados por alguma autoridade partidária. Dilma Rousseff é o Agaciel Maia dos Pampas. Ambos pertencem à mesma categoria profissional. Tiveram até cargos análogos. Agaciel Maia, apaniguado de José Sarney, foi nomeado diretor-geral do Senado.
 
Dilma Rousseff, apaniguada de Carlos Araújo, foi nomeada diretora-geral da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Além de ser um dos mandatários da esquerda gaúcha, Carlos Araújo era também o marido de Dilma Rousseff, garantindo esse gostinho pitoresco de Velha República cartorial e nepotista.
 
A loja de produtos importados de Dilma Rousseff foi inaugurada em 1995. Fechou quinze meses depois. Foi o primeiro e último trabalho que ela teve fora do sistema de loteamento partidário. Deu errado. Carlos Araújo, seu financiador, acabou perdendo dinheiro. O dono de uma tabacaria localizada perto da loja de Dilma Rousseff contou o seguinte à Folha de S.Paulo: “A gente esperava uma loja com artigos diferenciados, mas quando ela abriu era tipo R$ 1,99”. A especialidade de Dilma Rousseff eram os brinquedos chineses importados da Zona Franca de Colón, no Panamá. Em particular, os bonecos dos “Cavaleiros do Zodíaco”, escolhidos pessoalmente por ela. O Brasil de Dilma Rousseff será assim: um entreposto de muambeiros panamenhos inteiramente tomado pela pirataria chinesa. É o Brasil a R$ 1,99. Dilma Rousseff, com seu mestrado galáctico, será nossa Saori Kido, a Deusa da Sabedoria dos “Cavaleiros do Zodíaco”. José Dirceu, com sua armadura vermelha, será nosso Dócrates mensaleiro.

Depois de falir como comerciante, Dilma Rousseff voltou correndo para o aparelho estatal, onde ninguém perde dinheiro e o único cliente é o partido. A loja de produtos panamenhos e chineses foi convenientemente expurgada de sua biografia oficial. O fracasso do empreendimento, porém, revela a verdadeira natureza de Dilma Rousseff: ela só existe como um acessório do PT, exatamente como os sabotadores da Receita Federal que violaram o imposto de renda da filha de José Serra e fraudaram seus documentos. O Brasil está à venda por R$ 1,99. Ou fechamos as portas de Dilma Rousseff, ou ela fechará as nossas portas.



Por Diogo Mainardi
Texto publicado na primeira semana de setembro/2010

domingo, 12 de setembro de 2010

Pierrot;



Sometimes, The Pierrot comes around and show you how the saddest thing in the world can make you laugh. Not that it has come something to be happy with, but it's just a way to carry on.



There's always another wave to pull you from the shores of tranquility, to drag you to the deepest sea of the lost souls and push you back to some desert island of fear and loneliness.



There's no much you can do except flow through the sea, gazing at the stars during the night, scaping from the sun during the day. If you have something to read or a song to sing, it helps a lot! Time is strange and seems to change you too. Try to swim, let the water wash your body clean from the sweat. Your heart is still beating. But your mind don't think straight. Just feel the breeze. The time passing by...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

dói


Dói:
só isso!
Sim.ples
e
in.ex.plicavel.mente;


.

...em parte é apenas isto:

"- ...em parte é apenas isto: se você vai ser humano, tem um monte de coisas no pacote. Olhos, um coração, dias e vida. Mas são os momentos que iluminam tudo. O tempo que você não nota que está passando... É isso que faz o resto valer a pena..."


.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

manual para a vida




Feche os olhos, tape os ouvidos com a ponta dos dedos, depois, lentamente, abaixe o queixo até encostar de leve, bem de leve o seu peito;

Aos poucos desprenda o consciente do concreto, do sólido, e deixe o pensamento divagar por todas as lembranças positivas que conseguir alcançar. Voe até o gosto doce que a sua infância teve, as brincadeiras de rua, as primeiras emoções e sentimentos.

Uma boa recordação é aquela sensação de liberdade que o vento no peito lhe transmite em todas às vezes que você coloca uma parte do seu corpo pra fora do carro em movimento e grita um misto de riso com sentimentos eufóricos presos na garganta; Você mal acaba o grito e já solta aquela gargalhada gostosa como se algo em sua alma tivesse perdido peso, não sabe o que é, mas algo em você acabara de ficar mais leve;

Procure os seus caminhos, tente olhar o mundo de fora, observe as expressões e a liberdade que você tem de mudar de ídeia, de buscar o novo e a liberdade que as tentações lhe proporciona. Porque tudo isso muda a sua vida a partir do ponto em que você descobre que não existe limitações quando você é honesto com os seus sentimentos, e que isso vai lhe dar uma sensação de dever cumprido e uma estranha certeza de que tudo vale a pena.
.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

em silêncio


é durante que sinto dor

e logo após me curo

ferida aberta

atos,
fatos,
rastros.

algo em comum soa absurdo!

no soluço me afogo
 
a água desce pela garganta
em silêncio...
.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas...

Sabe, a gente vai crescendo...
E com isso vem as responsabilidades da vida adulta;

É claro que todas as fases tem seus momentos incríveis,
entretanto, nem tudo são flores...

É, a vida toma rumos diferentes,
distancia algumas coisas, aperta alguns sentimentos.



Sim,
eu sei que tudo continua igual,
pelo menos em tese.



Mas a distância é implável.

Não existe sublimação capaz de persuadí-la.



Não há remédio,
tampouco atos paliativos;




A situação é esta,
cumpre a nós
acharmos uma maneira de conviver
sem que este sentimento se torne insuportável.

Bom,
eu tento, juro que tento,
mas confesso que não sou tão bom nisso.



Entretanto,
existem momentos que essa situação beira ao insuportável;



Poder ser infantilidade?



Poder ser que sim,
mas eu não me importo,
no momento
a única coisa que eu queria
era que as coisas voltassem a ser como eram antes.



Simples, direto e prático.



Voltar ao que era antes;
Quero meu mundo de volta.
Quero meu alicerce comigo,
aqui ao meu lado,
me sustentando,
que é a sua função.

Quero o meu amigo; Perto, bem perto.


[~]

 




[...] e voltou, então, à raposa:
        - Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.



- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...

- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

[O Pequeno Príncipe - Antoine Saint-Exupéry]

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

é fundamental...



 Arnaldo Jabor em "sei que vou te amar"

.

sábado, 4 de setembro de 2010

inferno



Começou quando comi o terceiro sonho de valsa e eu nem estava com fome. Mais tarde, na segunda colherada de sopa, eu já queria vomitar, mas estava morta de fome. Conheço de longe, ou tão de perto, a tensão sexual: é a fome matadora que enjoa. É estar inflada demais pra se saciar, mas de um tamanho desproporcional para ficar saciada. Não faz sentido e é bem bobo de querer fazer. É vontade de mastigar algo, mas uma mão sai de dentro do estômago, passa pela boca e quer estapear o mundo. É desejo de porcaria e necessidade de vitamina. É preciso triturar, mas só passa líquido, quando passa. É a esquizofrenia da gana.
Dai decidi que agora não. Ah, agora não. Tudo de novo? Não. Então peguei meu celular, assim, meio ocupada, óculos e tal e mordendo o lábio inferior um pouco ressecado e, sem dó, deletei seu número de celular. Deletei as mensagens de texto também. E deletei seu nome e as fotos e a música e tudo.
E deletei você de tudo que me informa da sua vida e do lugar mais difícil de todos: do lixo do computador. Foi quando piorei. Vi seu carro parado na rua de trás e quebrei inteiro. Vi sua casa e ateei fogo. E vi você andando na rua e te atropelei. E nada adiantou. Porque você é antes de agora. Então voltei no mundo e deletei seu começo. E deletei o mundo. E deletei a explosão cósmica.
E nada adiantou, nada, porque desejo se forma em um lugar que é de onde somos também. Então eu teria que me deletar. E não adiantaria de agora, tipo: “não existo! Valendo!”. Teria que ser de antes. Mas complicou demais. E é por isso que escrevo isso da sua sala iluminada pelo sol mais feliz de todos que é o sol do dia seguinte quando ainda estamos no dia anterior. A vida que ultrapassa a gente só porque esses pequenos momentos de amor nos congelam dando uma falsa sensação de que pode ser bom pra sempre. Enquanto você dorme com uma camiseta cheirosa e é, posso dizer com certeza, a pessoa mais bonita que eu já vi numa cama desarrumada. Poucas coisas são tão claras como isso que percebo agora: você é tão bonito que eu tenho esse riso congelado mesmo quando está insuportável fazer xixi baixinho porque a droga do seu banheiro é colado com a cama sem ter uma mísera parede. Odeio as casas modernas e os casais modernos e o sexo moderno e ser moderna. Eu quero parar com essa vidinha e ter um amor pra vida. Mas e mas e mas e mas. Você é tão bonito que renova a mesmice do cinismo amoroso. Por você vale qualquer sombra na alma.
E é isso. Agora é suspirar feito besta, meus celulares e e-mails e o ar voltam a ser objetos de tortura, sempre a espera da próxima vez que você vai me pedir que morda o violão pra escutar a música dentro do cérebro. E você desafinando e meu cérebro consertando tudo dentro da minha imaginação. Não é amor porque amor é mais do que essa escravidão estética. Não é paixão porque eu só me apaixono por quem eu quero destruir e eu só quero limpar com uma palhinha de ouro seu corpo num pedestal. Não é só tesão, porque eu passaria o resto da minha existência fazendo carinho nos cachos do seu cabelo e você com 18 metros de altura parecendo um menino. Não é nada dessas coisas todas que a gente separa numa caixinha da mente pra continuar arrumando o resto das gavetas da vida. Então o quê? É isso, o xixi baixinho olhando a pessoa mais bonita que já vi numa cama desarrumada. É encantamento puro com um pouco de dor porque até a falta de dor tem muito de dor. E mais o sol e mais as formigas e mais a camiseta cheirosa e o xixi baixinho. É só o inferno.
[Tati Bernardi]


PS. qualquer semelhança com a realidade é (???) mera coincidência!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

o sentir


.
Medo é coisa fácil de falar. Sofrimento é inerente à vida, mas falar de arrependimentos é uma constância que a pouco me assusta. O arrependimento ecoa no peito dos esquecidos. O medo angustia a quem de fato sofre.
Quando o estômago sofre e o internamento não é opcional, momentos de reclusão ao mundo nos sensibilizam. Sensibilização ao arrependido sentimento. Sentimento de ter esquecido verdadeiramente o espelho. De não ter ouvido a tempo minha voz ativa. Ou se fazer com que a esbaforida voz ativa tivesse vez sobre a reprimida cautela que por tempos foi minimizada.
Arrependimento exige, sim, uma parcela de doação. Doa-se a dor sentida pela dor causada. Dor causada, dor sentida, dor; E seja ela, física ou meramente sentimental, incomoda; dói fundo, acumula, corrói. A dor física, embora ainda perturbe, já estou a tratar. Já a dor do sentimento... Ah! A dor do sentir é outra história!