domingo, 3 de outubro de 2010

A explicação




Tentar denominar o que eu sinto gasta um tempo danado, e eu tenho que estudar pra minha prova de Marketing, perdão. Mas denominação, pra que? Dar um nome, um título, é algo tão desnecessário, a meu ver. O que importa, é o que sinto, e é mais ou menos assim: eu queria colocar uma cerca elétrica em você, ou até mesmo colocar você dentro de uma caixa de sapatos, de forma que ninguém pudesse te magoar, te arranhar, te agredir. Queria tapar seus ouvidos, assim, você não escutaria palavras que te ferissem. Queria pintar seu mundo de cor-de-rosa, queria colocar nele um cenário de cores leves, claras e limpas, pra que tudo fosse lindo, e eu só visse seu sorriso. Essa dor que você está sentindo na alma, caramba! Eu daria tudo pra transferí-la pra mim e te livrar disso, mas não tem jeito. Aquela prova que você fez ontem, e não obteve boa pontuação, meu Deus! Eu vou ligar pro seu professor agora, vou dizer que você não estava preparado, e precisa repetí-la. Mas isso tudo não é possível, porque você não é meu. Você não é meu barbeador elétrico selado, que eu posso jogar debaixo da corrente de água e deixa-lo novo em folha, você não é meu carro, que eu posso colocar todas as noites debaixo de uma garagem coberta por um pequeno telhado de amianto, de forma que chuvas torrenciais não amassem a lataria. Mas eu me pergunto se isso não é injusto. Tenho tanto cuidado e carinho pra te oferecer, mas não posso, simplesmente porque o que existe entre nós não passa de um carinho. Sabe, eu prefiro acreditar que eu fui a pessoa certa na hora errada na sua vida, eu ficaria contente com isso, eu juro. Prefiro, claro, porque depois de tudo o que te ofereci, todo o cuidado, todo o carinho, pensar na hipótese de não ser a pessoa certa, seria destruidor demais.
Se me derem licença da minha sala nesse momento, de forma que eu não escute nenhuma voz, se me deixarem sozinho, eu conseguirei sentir, novamente, a felicidade que me invadia ao trocar algumas horas de sono no fim do dia pra ouvir sua voz no telefone, mesmo dormindo pouco, e acordar no outro dia com sono, obviamente, mas com uma alegria que não cabia dentro de mim.
Hoje eu trabalho e estudo, porque meu mundo não pode parar, infelizmente eu vivo nessa selva, onde eu não posso apertar o botão de pause e dizer: “Ei, peraí! Eu não posso fazer esse exercício avaliativo hoje. EU NÃO ESTOU BEM”. Em contrapartida, é somente isso! Depois de cumprir minhas obrigações diárias, meu dia termina na minha cama, com um copo de água e alguns soníferos naturais, porque minha psicanalista brigou e disse que dramin faz mal. E eu já estou suficientemente mal. Nesse fim de semana, eu só queria ver seu sorriso na frente dos meus olhos e te dar um abraço bem apertado, isso me bastaria. Minto! Não abriria mão de olhar bem fundo nos seus olhos, porque a serenidade deles me dá uma sensação de paz indescritível. Mas hoje é quarta-feira, e já me desiludi: não vou te ver nesse próximo fim de semana, nem nos outros que virão. Meus companheiros serão o copo de água e os dois comprimidos de sonífero. Então, eu sigo assim. Mesmo que meu riso seja de desespero, e por trás dele haja um coração tão inconformado, que se questiona o dia inteiro alguns porquês, está tudo bem: eu me contento.


Os grifos são meus, mas o texto é do amigo  @MELOph__

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