na foto: Michael, Brian e Justin
O que eu vou fazer hoje não
é nada mais do que uma resenha de uma série muito famosa de TV, mas que poderia
facilmente a minha história de vida, como também de muitas pessoas que eu
conheço e em muitos momentos.
Mudam-se algumas histórias,
mudam alguns personagens, mas o enredo no final é quase sempre o mesmo, o mesmo
plano de fundo.
A série famosa é a “Queer as folk”, exibido no Brasil com o
nome de “Os Assumidos”. Recentemente
eu re-assisti alguns episódios por causa de um amigo que começou o “vício” pelo seriado e como ele quis os
DVDs emprestados, peguei os meus e fui testar para ver se estavam funcionando
corretamente. Passando rapidamente pelas primeiras temporadas, fui direto para
a última, e assisti alguns episódios, incluindo os dois últimos capitulos.
Um
filme passou na minha cabeça e eu me lembrei do aperto
no peito que essa série causou na minha cabeça, mas mais do que isso, me veio
várias vidas, varias histórias, vários personagens... Aquela sensação de frio
na espinha
O que me chama atenção na
trama não é nem o excesso de drogas, a promiscuidade dos personagens, ou a
volatidade dos sentimentos. Esssa visão é a que todo mundo tem ao ver a séria,
a minda é diferente, comigo é a semelhança dos sentimentos, dos personagens, do
modo de agir de determinados personagens.
Vou fazer um resumão do que
eu acho importante... vamos aos personanges:
Primeiro o tímido (e fofo) Michael (Mike), que se descreve como
"aquele cara quase bonito que passou
por você", ele é o amigo
pra todas as horas (e por ser o bonzinho
é o que sempre se ferra) e que tem aqueles olhinhos de “cão-sem-dono” que
ninguém resiste. Tem um emprego de vendedor em uma grande rede de lojas, e
dificilmente alguém o apontaria como gay com base em uma conversa de elevador.
Ele é inteligente e sonhador, fã de histórias em quadrinhos e tem uma paixão
platônica por Brian Kinney, seu amigo desde a época de escola.
Já o Brian não poderia ser mais diferente de Michael. Ele é o cara lindo
que todos querem, bem sucedido e seguro. Ele é simplesmente “o cara”. É ele que faz com que o mundo
gire em torno ao seu redor. Onde ele chega o mundo para, porque ele é o
pegador.
No entanto essa longa
amizade – e confusa - dos dois, beira (mas só beira) a um caso de amor. O
problema é que o imaturo Brian
possui uma relação de dependência com Michael.
Logo de cara, no primeiro
episódio acho que a vontade de todas as pessoas é que Mike e Brian formem um
casal, mas isso infelizmente não vai acontecer. Esse grupo de amigo vai sofrer
muita reviravolta durante as cinco temporadas, muitos personagens vão entrar,
muitos vão sair, muitos personages vão sofrer para poder amadurecer.
Brian vai ter o seu papel de
macho-alfa e vai doar o seu sêmen para o casal de lésbicas para que elas possam
ter o tão sonhado filhos, mas tal fato quase não tem influencia na vida dele.
Ter ou não um filho é quase irrelevante para o estilo de vida do garanhão. Mais
importante para ele é estar presente na balada (Babylon), transar com os caras
mais gatos possíveis e se fazer presente.
Até que um belo dia aparece
um novo elemento na trama: Justin, um rapaz de dezessete anos que se envolve
com Brian.
Justin é cativante e tem um
rosto angelical que vai em contrapartida a uma maturidade assustadora, que
contrasta com as atitudes imaturas de Brian. Tem uma sensibilidade ímpar que
ele canaliza nas artes. Essa maturidade o faz relevar os ciúmes de Michael.
O contrastante é desabrochar
da maturidade do Justin que começa a viver plenamente sua sexualidade, enquanto
vive uma paixão com Brian que é um poço de soberba e imaturidade, enquanto
paralelamente a isso Michael luta (mesmo que internamente) para definir qual é
exatamente sua relação com Brian.
Brian, Brian, Brian... Tudo
por não ter olhos para enxergar o quanto Michael sofre por ele e pelas
situações causadas por suas duvidas e tudo o que isso ocasiona no grupo.
O mais dificil da série é
ver que o nosso desejo não se concretiza mesmo. O Brian não consegue ver o quão
especial Michael é em sua vida e o quanto ele representa e, embora o Justin
seja uma graça ele também sofre ao seu lado.
Brian não foi feito para ter
um relacionamento. Apesar de amá-lo, Justin passa por cima de seus princípios
para ficar ao lado de Brian até o fim. Individualista, Brian não aceita que Justin desista de seus
sonhos para viver ao seu lado da mesma forma que ele nem cogita a ideia de se
prender a alguém.
Mas como tudo, a arte imita
a vida, certo? Sim... E Brian, mesmo que ao seu jeito acaba se envolvendo com
Brian e no final, até que ao seu modo, se apaixonando pelo Justin ao
ponto de querer ter uma noite de “amor”
com ele.
Mas já não eram mais eles,
já não dava mais certo e por isso terminou. Justin não queria que Brian
deixasse de ser quem ele era e Brian não deixou de ir atrás de seus sonhos (por
incentivo do próprio Brian) para viver o que poderia ser seu grande amor.
O conto de fadas, o castelo
dos sonhos... nada disto aconteceu! Tudo disso ruiu diante dos dois. Brian e
Justin não ficam juntos com a promessa de que se um dia tiverem de se amar, o
farão independente do tempo. (O que eu
acho a maior balela do mundo!)
Já o Michael, o fofinho, que
só se ferra, depois de muito penar, de muito sofrer, acaba conhecendo um cara
bonitão, boa-pinta, que se apaixona por ele, formam uma bela família, adotam um
adolescente problemático e tem a sua família feliz.
É um final lindo para o
Michael se não fosse pelo fato que, pra mim, no fundo dos olhos dele, eu sempre
veja uma ponta de sentimento incompreendido (e não correspondido) pelo amigo
Brian e que de tão reprimido se torna uma eterna amargura que o impede de ser
feliz por completo. Mas ao olhos do mundo, tudo está plenamente feliz...
E assim se fecha o ciclo
vicioso de “Queer as folk”...
Qual personagem lhe cabe nessa
história? Só não se esqueça que existem outros personagens... mas na minha visão, são esses
os essenciais à trama. São os que ME interessam...
Mas como diria o poeta
Cazuza em forma de pergunta: “Mentiras sinceras te interessam?”