domingo, 6 de maio de 2012

QAF, eu e você...



na foto: Michael, Brian e Justin





O que eu vou fazer hoje não é nada mais do que uma resenha de uma série muito famosa de TV, mas que poderia facilmente a minha história de vida, como também de muitas pessoas que eu conheço e em muitos momentos.
Mudam-se algumas histórias, mudam alguns personagens, mas o enredo no final é quase sempre o mesmo, o mesmo plano de fundo.
A série famosa é a “Queer as folk”, exibido no Brasil com o nome de “Os Assumidos”. Recentemente eu re-assisti alguns episódios por causa de um amigo que começou o “vício” pelo seriado e como ele quis os DVDs emprestados, peguei os meus e fui testar para ver se estavam funcionando corretamente. Passando rapidamente pelas primeiras temporadas, fui direto para a última, e assisti alguns episódios, incluindo os dois últimos capitulos.
Um filme passou na minha cabeça e eu me lembrei do aperto no peito que essa série causou na minha cabeça, mas mais do que isso, me veio várias vidas, varias histórias, vários personagens... Aquela sensação de frio na espinha
O que me chama atenção na trama não é nem o excesso de drogas, a promiscuidade dos personagens, ou a volatidade dos sentimentos. Esssa visão é a que todo mundo tem ao ver a séria, a minda é diferente, comigo é a semelhança dos sentimentos, dos personagens, do modo de agir de determinados personagens.
Vou fazer um resumão do que eu acho importante... vamos aos personanges:
Primeiro o tímido (e fofo) Michael (Mike), que se descreve como "aquele cara quase bonito que passou por você", ele é o amigo pra todas as horas (e por ser o bonzinho é o que sempre se ferra) e que tem aqueles olhinhos de “cão-sem-dono” que ninguém resiste. Tem um emprego de vendedor em uma grande rede de lojas, e dificilmente alguém o apontaria como gay com base em uma conversa de elevador. Ele é inteligente e sonhador, fã de histórias em quadrinhos e tem uma paixão platônica por Brian Kinney, seu amigo desde a época de escola.
 Já o Brian não poderia ser mais diferente de Michael. Ele é o cara lindo que todos querem, bem sucedido e seguro. Ele é simplesmente “o cara”. É ele que faz com que o mundo gire em torno ao seu redor. Onde ele chega o mundo para, porque ele é o pegador.
No entanto essa longa amizade – e confusa - dos dois, beira (mas só beira) a um caso de amor. O problema é que o imaturo Brian possui uma relação de dependência com Michael.
Logo de cara, no primeiro episódio acho que a vontade de todas as pessoas é que Mike e Brian formem um casal, mas isso infelizmente não vai acontecer. Esse grupo de amigo vai sofrer muita reviravolta durante as cinco temporadas, muitos personagens vão entrar, muitos vão sair, muitos personages vão sofrer para poder amadurecer.
Brian vai ter o seu papel de macho-alfa e vai doar o seu sêmen para o casal de lésbicas para que elas possam ter o tão sonhado filhos, mas tal fato quase não tem influencia na vida dele. Ter ou não um filho é quase irrelevante para o estilo de vida do garanhão. Mais importante para ele é estar presente na balada (Babylon), transar com os caras mais gatos possíveis e se fazer presente.
Até que um belo dia aparece um novo elemento na trama: Justin, um rapaz de dezessete anos que se envolve com Brian.
Justin é cativante e tem um rosto angelical que vai em contrapartida a uma maturidade assustadora, que contrasta com as atitudes imaturas de Brian. Tem uma sensibilidade ímpar que ele canaliza nas artes. Essa maturidade o faz relevar os ciúmes de Michael.
O contrastante é desabrochar da maturidade do Justin que começa a viver plenamente sua sexualidade, enquanto vive uma paixão com Brian que é um poço de soberba e imaturidade, enquanto paralelamente a isso Michael luta (mesmo que internamente) para definir qual é exatamente sua relação com Brian.
Brian, Brian, Brian... Tudo por não ter olhos para enxergar o quanto Michael sofre por ele e pelas situações causadas por suas duvidas e tudo o que isso ocasiona no grupo.
O mais dificil da série é ver que o nosso desejo não se concretiza mesmo. O Brian não consegue ver o quão especial Michael é em sua vida e o quanto ele representa e, embora o Justin seja uma graça ele também sofre ao seu lado.
Brian não foi feito para ter um relacionamento. Apesar de amá-lo, Justin passa por cima de seus princípios para ficar ao lado de Brian até o fim. Individualista,  Brian não aceita que Justin desista de seus sonhos para viver ao seu lado da mesma forma que ele nem cogita a ideia de se prender a alguém.
Mas como tudo, a arte imita a vida, certo? Sim... E Brian, mesmo que ao seu jeito acaba se envolvendo com Brian e no final, até que ao seu modo, se apaixonando pelo Justin ao ponto de querer ter uma noite de “amor” com ele.
Mas já não eram mais eles, já não dava mais certo e por isso terminou. Justin não queria que Brian deixasse de ser quem ele era e Brian não deixou de ir atrás de seus sonhos (por incentivo do próprio Brian) para viver o que poderia ser seu grande amor.
O conto de fadas, o castelo dos sonhos... nada disto aconteceu! Tudo disso ruiu diante dos dois. Brian e Justin não ficam juntos com a promessa de que se um dia tiverem de se amar, o farão independente do tempo. (O que eu acho a maior balela do mundo!)
Já o Michael, o fofinho, que só se ferra, depois de muito penar, de muito sofrer, acaba conhecendo um cara bonitão, boa-pinta, que se apaixona por ele, formam uma bela família, adotam um adolescente problemático e tem a sua família feliz.
É um final lindo para o Michael se não fosse pelo fato que, pra mim, no fundo dos olhos dele, eu sempre veja uma ponta de sentimento incompreendido (e não correspondido) pelo amigo Brian e que de tão reprimido se torna uma eterna amargura que o impede de ser feliz por completo. Mas ao olhos do mundo, tudo está plenamente feliz...
E assim se fecha o ciclo vicioso de “Queer as folk”...
Qual personagem lhe cabe nessa história? Só não se esqueça que existem outros personagens... mas na minha visão, são esses os essenciais à trama. São os que ME interessam...
Mas como diria o poeta Cazuza em forma de pergunta: “Mentiras sinceras te interessam?”



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