- Uma xícara
de café forte, por favor.
- Mas você
não toma café.
- Eu sei. Não
tomo normalmente, mas nos últimos tempos tenho precisado para me manter em pé.
- Isso não me
parece bom.
- E realmente
não é. Mas é assim que as coisas são.
Na verdade a
loucura em que vivemos dificulta enxergar coisas com clareza, com uma
perspectiva real, de quem enxerga com propriedade. Decifrar o que é realmente
importante e conseguir distinguir daquilo que temos em mente naquele momento
talvez seja a parte mais complicada..
E, no
entanto, pra você, o que é realmente importante no meio de tudo isto? Você já
parou pra se fazer essa pergunta?
Perguntas. É tão
estranho questionar se você tem se feito perguntas. Porque o que mais parece óbvio é, talvez, o que mais se
esquece nessa vida.
Acho que eu
preciso mesmo é de mais café para me manter firme.
O difícil é
que com o café vem uma lucidez e uma sobriedade que machuca a alma e é tão, mas
tão difícil de suportar que me faz questionar se com todo mundo é assim.
Sim, eu sei
que todo mundo se dói, todos tem essa inquietação. Mas será que são aliadas à
forte uma lucidez como a minha?
Então mais
café e uma dose de não sentir, por favor. Só para ter o prazer do torpor, mesmo
que por alguns instantes.
E que o formigar dos dedos se estendam pelo corpo todo
e chegue à alma ao ponto de torná-la serena e calma: introspecção
com gosto de cafeína.
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