Essa é a verdade. Que dói, que corrói, que dilacera por
dentro enquanto o mundo continua acontecendo a sua volta. Dói porque ninguém
pode fazer nada. Dói porque nem você pode fazer nada. Impotência meu caro,
impotência!
E as pessoas continuam passando e você encostado no muro,
com o celular na mão, querendo se encolher , se esconder, se proteger... Mas
não, o mundo simplesmente continua girando e as pessoas passando.
A senhorinha com aparência simpática quase esboça uma reação
ao olhar pros seus olhos vermelhos e doloridos mas provavelmente, como todos,
prefere ficar em silêncio, porque interpelar um estranho na rua ainda não é
visto com bons olhos.
E você olha do outro lado da rua como quem olha pro infinito
ao longe e não acredita na distância entre os mundos. É tudo ilusão. Tudo fruto
das nossas vivências, dos nossos sentimentos. Mas tudo parece não ter fim.
Mas só parece. Parece porque é hoje, agora. Amanhã essa
visão turva será outra, talvez menos obscura, talvez menos nebulosa, mas com
certeza diferente dessa rua que você enxerga agora.
Então você enxuga os olhos, enxuga a lágrima que escorre no
cantos dos olhos, relê a mensagem e bloqueia
a tela do celular como se isso fosse mudar as coisas. E então o guarda
no bolso externo da mochila, coloca o capacete, sobe na moto, dá partida e vai
embora pela rua passando pelas pessoas como se nada tivesse acontecido enquanto
o vento bate no seu rosto.
Neste momento você não é ninguém, as pessoas que passam por
você simplesmente passam, elas não existem da mesma forma em que você não está
existindo. Você está ali por um mero acaso, pois se dependesse da sua vontade,
talvez não estivesse... ainda é o torpor das peças que a vida lhe proporcionou!
É a terceira vez que você cai, por enquanto.
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