segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

senhora das tempestades



  
Senhora das tempestades e dos mistérios originais

quando tu chegas, a terra treme do lado esquerdo
trazes a assombração, as conjunções fatais
e as vozes negras da noite


Senhora do meu espanto e do meu medo
Senhora das marés vivas e das praias batidas pelo vento
Senhora do vento norte com teu manto de sal e espuma
há uma lua do avesso quando chegas
há um poema escrito em página nenhuma
quando caminhas sobre as águas Senhora dos sete mares.


Conjugação de fogo e luz e no entanto eclipse
trazes a linha magnética da minha vida Senhora da minha morte
quando tu chegas começa a música Senhora dos cabelos de alga
onde se escondem as divindades


Trazes o mar, a chuva, as procelas
Batem as sílabas da noite, batem os sons,
os signos, os sinais
e és tu a voz que dita.


Trazes a festa e a despedida Senhora dos instantes
com tua rosa-dos-ventos e teu cruzeiro do sul

Senhora dos navegantes com teu astrolábio e tua errância

Tudo em ti é partida
Tudo em ti é distância
Tudo em ti é retorno


Senhora do vento com teu cavalo cor de acaso
teu chicote, tua ternura sobre a tristeza e a agonia
galopas no meu sangue com teu cateter chamado Pégaso


Senhora dos teoremas e dos relâmpagos marinhos
Senhora das tempestades e dos líquidos caminhos.
quando tu chegas dançam as divindades


E tudo é uma alquimia
Tudo em ti é milagre Senhora da energia.






           Poema Senhora das Tempestades - Manuel Alegre

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