quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

OdoYá...




Dia 2 de fevereiro - dia de festa no mar”, segundo a música do compositor baiano Dorival Caymi. 


É o dia em que todos vão deixar os seus presentes nos balaios organizados pelos pescadores do bairro do Rio Vermelho junto com muitas mães de santo de terreiros de Salvador, ao lado da Casa do Peso, dentro da qual há um peji de Yemanjá e uma pequena fonte. 

Na frente da casa, uma escultura de sereia representando a Mãe d´Água baiana, Yemanjá

Desde cedo formam-se filas para entregar presentes, flores, dinheiro e cartinhas com pedidos, para serem levados à tarde nos balaios que serão jogados em alto mar. 

É única grande festa religiosa baiana que não tem origem no catolicismo e sim no candomblé. (Dia 2 de fevereiro é dia de N.Sra. das Candeias, na liturgia católica, e esta Nossa Senhora é mais freqüentemente paralelizada com Oxum, a vaidosa deusa das águas doces). 





Iemanjá, rainha do mar, é também conhecida por dona Janaína, Inaê, Princesa de Aiocá e Maria, no paralelismo com a religião católica. 

Aiocá é o reino das terras misteriosas da felicidade e da liberdade, imagem das terras natais da África, saudades dos dias livres na floresta (AMADO,1956;137) 


Dois de fevereiro é - oficiosamente - feriado na Bahia. É considerada a mais importante das festas dedicadas a Yemanjá.

Odorico Tavares narra que, nos outros tempos, os senhores deixaram seus escravos uma folga de quinze dias para festejarem a sua rainha em frente ao antigo forte de São Bartolomeu em Itapagipe.

Às 4 da tarde é que saem os barcos que levam os balaios cheios de oferendas a serem lançados em alto mar. Quando as embarcações voltam para a terra os acompanhantes não olham para trás, que faz mal. Diz a lenda, que os presentes que Yemanjá aceita ficam com ela no fundo do mar, e os que ela não aceita são devolvidos à praia pela maré, à noite e no dia seguinte, para delícia dos meninos, que vão catar nas praias os presentes não recebidos por ela. 

Jorge Amado conta que se Iemanjá aceitar a oferta dos filhos marinheiros é que o ano será bom para as pescarias, o mar será bonançoso e os ventos ajudarão aos saveiros; se ela o recusar,... ah! as tempestades se soltarão, os ventos romperão as velas dos barcos, o mar será inimigo dos homens e os cadáveres dos afogados boiarão em busca da terra de Aiocá

No Brasil Yemanjá é orixá do mar e considerada mãe de todos os orixás de origem ioruba (os de origem daomeana - Omolu, Oxumaré e às vezes Exu - são tidos como filhos de Nanã). 

Yemanjá é festejada em muitos locais na Bahia. Vive e é festejada na Ribeira, em Plataforma; na península de Humaitá, onde fica a igrejinha de Montserrate; na Gameleira, na ilha de Itaparica; no Rio Vermelho, frente à igreja de Santana, e em muitos outros lugares conhecidos pelos seus filhos e filhas de santo, que vão aí oferecer seus presentes e fazer suas obrigações.





                                    



"O canto da lavadeira

É da África que vem
O molejo das cadeiras
É da África que vem
O tempero da comida
É da África que vem
Nossa raça, nossa fibra
É da África que vem

A sede de liberdade
É da África que vem
A luta por igualdade
É da África que vem
O perfume de Nanã
É da África que vem
A estrela da manhã
É da África que vem

O samba e o axé
Martelo de Xangô
A sanha e a fé
O som do agogô
Os blocos de afoxé
O encanto de Iemanjá
Oh, África mulher
Oh, mãe dos Orixás…"


        [África mulher]


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